terça-feira, 22 de abril de 2014

Caminhemos na santidade à luz do Senhor

1. CENÁRIO

     Nossa história se passa em um vilarejo do sertão. Lugar muito pobre, de vegetação típica da caatinga. As casas muito simples, geralmente de taipa.
     Como se trata de um vilarejo, as cenas estão abertas para acontecer em qualquer ambiente da colônia de férias, não necessitando, obrigatoriamente, de um cenário fixo onde aconteçam as apresentações todos os dias. Principalmente a segunda proposta, que é a do contador de histórias, reforçamos que pode acontecer em qualquer lugar: em uma quadra, no campo, em uma sala, no salão...
     Na necessidade de um possível cenário fixo (primeira proposta), a sugestão que deixamos é um ambiente doméstico. Uma sala de estar muito simples e rústica.


2. PERSONAGENS

     Como no ano passado, as personagens são abertas, podendo ser alteradas à realidade de cada colônia de férias. Personagens podem ser acrescentados também conforme à necessidade. Bom trabalho!


NOME
PERFIL
IDADE


SEMEADOR DE SONHOS
Personagem enigmático que peregrina pelas cidades e vilarejos, recolhendo da experiência popular os ensinamentos que motivam a elaboração dos sonhos, conduzindo as pessoas dos lugares por onde passa para uma experiência verdadeira da felicidade.


+/- 40 anos


MISSIONÁRIO(S)
Pode ser um ou um grupo. Eles trazem a Boa Nova de Jesus para o vilarejo, anunciando que o próprio Cristo está vivendo escondido entre os habitantes daquele lugar, sendo necessário a todos procurar descobrir quem é.


Adultos

DONA ESTER
Mulher guerreira, mãe de família, católica “beata”. Educa seus filhos na fé e reza para o seu marido mudar de vida.

+/- 40 anos


SEU PEDRO
Homem honesto, trabalhador quando sóbrio, mas que tem o vício do álcool. Quando embriagado, perde a cabeça, e não mede as consequências dos seus atos. Faz tudo pelos filhos, se necessário. Mas nunca demonstrou seu amor publicamente a eles.



+/- 45 anos



EMANUEL
Filho mais velho do casal. Dá sinais de que quer seguir o mesmo caminho do pai. Quer sempre estar com os amigos na farra. Não se importa com o convívio familiar. Ama muito sua mãe, mas tem alguns problemas com seu pai.


19 anos

MARÍLIA
Única filha mulher do casal. Dedicada aos afazeres da casa, ajuda sempre a sua mãe e cuida bem de sua avó materna, Matilde, que mora com eles há dois anos.

15 anos

PEDRINHO
Filho caçula. Menino danado, vive metido em confusões. Diz sempre o que pensa, e se enrola por falar fora de hora.

13 anos

DONA MATILDE
Mãe de Dona Ester. Senhora de saúde frágil que se aproveita de sua situação para brigar com o genro.

+/- 75 anos

JUDITE
Vizinha da família. Amiga de Dona Ester. Sabe da vida de todo o vilarejo. Sabe das coisas como ninguém;

+/- 40 anos

MARCOS
Esposo de Judite que trabalha na capital e prometeu buscar ela quando melhorasse de vida.

+/- 45 anos

AMIGOS DO PEDRINHO
Alguns personagens livres que participam ativamente apenas de uma cena. Nos outros dias podem ser figurantes nas pregações do missionário.

Adolescentes

OUTROS
Nosso teatro é aberto. Segundo a criatividade de cada trupe, outros personagens podem ser acrescentados à nossa história.

-


3. CENAS

“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus”. ( não tem ato com esta bem-aventurança)

1º ATO: “Bem-aventurados os pobres de coração, porque deles é o reino dos céus”.

(Entra em cena a personagem do Semeador de Sonhos e se posiciona em um banco na lateral do cenário. Enquanto entra, toca amúsica: ABERTURA, que será a música tema do Semeador de Sonhos. A música está disponível para download em nosso skydrive, clique no nome da música para baixar)

Semeador de Sonhos: Bom dia! Sou o Semeador de Sonhos, caminho de cidade em cidade, percorro os mais diversos lugares desta terra recolhendo da experiência do povo as sementes de felicidade que podem ser plantadas em outras terras. Hoje apresento a vocês uma história curiosa, e um tanto engraçada, de um vilarejo lá do sertão que recebeu a visita de um grupo de missionários... acompanhemos com atenção!

(Entra o missionário, ou um grupo deles, em procissão, pelo meio da plateia, enquanto toca a música: MISSIONÁRIOS  . Junta-se a eles todos os demais personagens, habitantes do vilarejo. Em posição de destaque, se possível mais alto que os demais, o missionário começa sua pregação.)

Missionário: Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!

Povo: Para sempre seja louvado!

Missionário: Viemos aqui atraídos por uma grande notícia! Foi-nos revelado que o Senhor Jesus está neste vilarejo, escondido, vivendo como um morador desse lugar. Precisamos descobrir quem é. Não sabemos se está na pele de homem ou de mulher, de menino ou de jovem. Sabemos apenas uma pista para encontrá-lo: Dizem que por onde ele passa as pessoas se tornam mais felizes! Voltem para as casas de vocês! Mas lembrem: Jesus pode estar morando lá! Encontrem-no!

(Saem de cena os missionários e ficam apenas os habitantes do vilarejo, conversando em alvoroço. Enquanto todos parecem estar conversando, dá-se o diálogo entre Dona Ester e Judite).

Dona Ester: Louvado seja Deus! Tá vendo, abençoada! Bem que eu notei que a gente estava vivendo no céu! Eu escutei quando o Padre Marcelo disse na rádio que o céu é o lugar onde eu quero viver. O Padre Manzotti disse a mesma coisa outro dia, que a família da gente é o lugar onde Deus habita... mas na minha casa ele não tá não, comadre! Meu marido, esse traste, só vive bêbado... isso é coisa do chifrudo! Já rezei tanta novena, mas ele não para de beber, não sei mais o que faça...

Judite: Nem me fale, comadre! É um sacrilégio achar que Seu Pedro é o Senhor Jesus... Mas pode até ser algum de seus filhos né? Olha a Marília, ela é uma menina de ouro!

Dona Ester: Será? Ela até que tem um bom comportamento, é esforçada nos estudos e me ajuda muito em casa, principalmente tomando conta de mamãe, que está com a saúde fraquinha, não sabe?! Emanuel não pode ser... Ele só tem o nome de “Deus Conosco”, mas aquele puxou ao pai... só quer viver na farra, agora. Pedrinho... Ave Maria! Danado do jeito que é... nem arrisco dizer quem ele podia ser!

Judite: Cruz, credo, Ester! Num diz isso do menino não!

(Continuam a conversar, enquanto fala o Semeador de Sonhos)

Semeador de Sonhos: O povoado está em alvoroço! Quem honra ter o próprio Cristo morando na sua casa, como membro de sua família! Mas como vão desvendar esse mistério? Será que a Dona Ester tem razão? Será que não é nenhum dos habitantes da casa dela? Isso eles vão ter que descobrir!

Seu Pedro: Mulher! (grita com Dona Ester)

Dona Ester: Ave Maria, Pedro! Tu não respeita nem os missionários! Já estás bêbado de novo?! Vamos pra casa! Sangue de Cristo tem poder!

Seu Pedro: Eita! Ela agora quer mandar em mim! Vai me fazer passar vergonha aqui é? Vai não, viu?! Mas eu vou pra casa sim, porque eu quero!

Dona Ester: Cala a boca, Pedro! Já sei que lá em casa mesmo, Jesus não está! O missionário disse que as pessoas que passavam por ele são mais felizes... e tu só me traz aperreio, homem! Passa pra casa! Vamos mamãe! Vamos crianças!


(Dona Ester toma Seu Pedro pelo braço e sai arrastando a família para fora da cena enquanto toca a música: VIDA DE VIAJANTE)

2º ATO: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”.

(Entra em cena a personagem do Semeador de Sonhos e se posiciona em um banco na lateral do cenário. Enquanto entra, toca a música: ABERTURA, que será a música tema do Semeador de Sonhos. A música está disponível para download em nosso skydrive, clique no nome da música para baixar)

Semeador de Sonhos: Depois de saber que Jesus estava morando disfarçado no vilarejo, todo mundo se arriscou a pesquisar quem seria ele. Nas calçadas não se falava em outra coisa. Será mesmo possível que Cristo esteja morando por essas bandas? Não sei... O que sei é que muita coisa mudou depois que essa notícia se espalhou...

(A cena de hoje se passa dentro da casa da família. Estão na sala)

Marília: Vovó! Vovó! A senhora está bem?

Dona Matilde: Ai, Mariana! É o meu coração!

Marília: Ave Maria! Mainha! Vovó tá morrendo!

Seu Pedro: Eita! Vamos ter festa em casa hoje!

Dona Ester: (chorando exageradamente) Pare com isso, Pedro! Não tá vendo que a coisa é séria?

Dona Matilde: Ele tá doido pra me ver morta! Ainda vai cuspir no meu caixão!

Seu Pedro: Essa fila eu não vou enfrentar não!

(Dona Matilde desmaia)

Emanuel: Chore não, mainha! Todo dia vovó tem isso e não morreu ainda!

Seu Pedro: Vou começar a convidar meus amigos pra cavar uma cova de 100 metros de profundidade... vai lá que ela não tenha morrido e queira voltar! Precisamos nos certificar!

Pedrinho: (rindo alto perto da mãe) Ela vai cavar é muito!

Dona Ester: Sangue de Cristo! Esse menino não tem jeito! Ave Maria!

(Dona Ester dá uma tapa em Pedrinho, que sai correndo e chorando, enquanto Dona Matilde acorda do desmaio)

Dona Matilde: O que aconteceu, minha filha?

Dona Ester: A senhora desmaiou, mamãe! Está sentindo alguma coisa?

Dona Matilde: Fome, minha filha!

Seu Pedro: Vamos embora, Emanuel! Acabou a festa! Não foi dessa vez que a velha partiu. Vamos na praça... tá quase na hora da pregação do missionário. Quero saber se ele já tem alguma suspeita.

(Chegando à praça, o missionário já está posicionado para a pregação)

Missionário: Hoje recebemos uma pista para encontrar Jesus. Quem lavar os pés dele, com amor, aparecerá uma marca, e ele se revelará. Mas não adianta sair por aí lavando os pés de todos... Jesus necessita que lavem seus pés porque ele não consegue fazer sozinho.

(Seu Pedro volta pra casa, e encontra Dona Matilde sozinha na sala)

Dona Matilde: Que milagre é esse? Você não bebeu hoje?

Seu Pedro: Nem venha, velha chata!

Dona Matilde: Não brigue comigo! Olhe o meu coração! A propósito, preciso que lave os meus pés! Estão imundos!

Seu Pedro: E a senhora quer que eu lave?

Dona Matilde: Está vendo mais alguém aqui? Aqui está a bacia... vamos!

Seu Pedro: (Lembrando das palavras do missionário) Tá bem... vou lavar!

(Tomando a bacia e a jarra, lava os pés da sogra e percebe que nenhuma marca aparece. Enquanto ele lava, entram em cena Dona Ester e os três filhos)

Dona Ester: (chorando) Eu não acredito no que eu estou vendo!

Seu Pedro: Não é nada disso, mulher!

Dona Ester: Eu sempre rezei pra Nossa Senhora dos Impossíveis fazer as pazes entre vocês! Deus seja louvado! Foi a água benta do Padre Marcelo! Eu num disse, Mariana, que dava certo?

Mariana: Ave Maria, mainha! É verdade!

Seu Pedro: Eu lavei porque o missionário disse que Jesus não consegue lavar os próprios pés, e precisa de alguém que o faça. Cheguei aqui, ela estava pedindo pra lavar... Ainda achei que pudesse ser, mas não apareceu nenhuma marca como o missionário tinha dito. Não é ela!

(Todos começam a conversar ao mesmo tempo, enquanto o Semeador de Sonhos encerra a cena)


Semeador de Sonhos: Seu Pedro não entendeu que tipo de marca o missionário estava falando. Dona Ester foi consolada de suas lágrimas a partir do amor que se revela entre seu marido e sua mãe... mas será que eles vão parar de brigar? Acho que não! Eles só brigam porque se importam um com o outro! Eles só discutem porque se amam! Mas quem será o Cristo? Os dias estão passando rápido! Precisamos procura-lo! Até amanhã!

3º ATO: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra”.

(Entra em cena a personagem do Semeador de Sonhos e se posiciona em um banco na lateral do cenário. Enquanto entra, toca a música: ABERTURA, disponível para download em nosso skydrive, clique no nome da música para baixar)

Semeador de Sonhos: O primeiro milagre que Jesus operou naquela família foi fazer as pazes entre Seu Pedro e Dona Matilde. As brigas não vão acabar de uma hora pra outra... mas Seu Pedro já demonstrou o cuidado que tem com sua sogra. Dona Ester está radiante, e beata como ela é, só quer viver na Igreja agora, rezando e agradecendo pela paz que começa a nascer em sua casa.

(Primeira cena: conversa de Seu Pedro e Mariana em casa)

Seu Pedro: Ester! Ester! Cadê essa mulher?

Mariana: Foi pra Igreja, painho!

Seu Pedro: Essa hora? Quem vai fazer o almoço?

Mariana: Eu! Vou fazer miojo com ovo pra todo mundo!

Seu Pedro: Miojo? O que danado Ester foi fazer na Igreja essa hora?

Mariana: Ela disse que precisava rezar pra todos os santos que ela tinha pedido uma graça!

Seu Pedro: Todos os santos! Faz até graça! Desse jeito ela vai morar lá nos próximos anos! Ester sabe mais nome de santo do que eu de cachaça!

Mariana: Ave Maria, painho! Fale assim de mainha não!

(Segunda cena: início de briga envolvendo Pedrinho e os amigos no futebol. Pedrinho e alguns figurantes entram pelo meio do público trazendo uma bola na mão e discutindo algum erro de jogo)

Pedrinho: A culpa foi minha, eu já disse, e já pedi desculpas!

Amigo 1: A gente perdeu por sua culpa! Seu...

Pedrinho: (interrompendo a fala do amigo 1) Vê lá o que você vai dizer! Não lhe faltei com respeito, e já pedi desculpas!

Amigo 2: Ele tá certo! Deixa de confusão, rapaz!

(Emanuel observava a história de longe. Ao se aproximar os amigos correm e ele conversa com Pedrinho)

Emanuel: Pedrinho? O que está acontecendo?

Pedrinho: Eles queriam me bater porque eu fiz um gol contra no jogo e nós perdemos.

Emanuel: (Bravo) E porque você não bateu neles antes? Você é maior que eles!

Pedrinho: Eu estava errado! Eu assumi a culpa! Além disso, ouvi o missionário falar hoje pela manhã que os mansos herdarão a terra... Sempre sonhei em ser fazendeiro!

Emanuel: Deixa de ser besta! Num é desse tipo de terra que ele estava falando.

Pedrinho: Não?! Pois eu vou agorinha atrás deles!

Emanuel: (segundando Pedrinho) Calma, meu irmão! Não é assim que se resolvem as coisas! Vamos pra casa!

(Chegando em casa, estão na sala Seu Pedro, Dona Matilde, Mariana, Pedrinho e Emanuel. Depois chega Dona Ester)

Seu Pedro: Eita! Que copo é esse aí? (apontando para alguns copos que estão na mesa perto de um rádio) O Senhor ouviu minhas preces? Mandou tudo isso só pra mim?! (E pegando um copo, bebe e cospe tudo).

Dona Matilde: Isso é água, cachorro! Não é cachaça não!

Seu Pedro: Ester? O que danado você foi fazer na Igreja? Saiu cedinho que ninguém nem viu! Não dá mais atenção pra gente de casa... Assim não dá!

Dona Ester: Desculpe, Pedro! Não fiz por mal. Estava rezando e louvando a Deus por vocês todos estarem mudando aqui em casa. Só falta você deixar de beber... que, por sinal... você não bebeu ainda hoje... Tanto que eu rezei a novena de Nossa Senhora Auxiliadora, dos Impossíveis, de Santa Rita, de São Miguel...

Seu Pedro: (interrompendo) Sim... tá bom... eu sei! De todos os santos... Eu agradeço por ter rezado por nós... mas da próxima, avisa! Agora, eu vou ver se o bar já abriu... é que saí logo cedo e o seu Biu não estava lá ainda!

Dona Ester: Sangue de Cristo! Te orienta, homem! Tu tem problemas com o álcool!

Seu Pedro: Tenho mesmo, o bar tá fechado! Tem problema maior? Fui!!!!

(Seu Pedro sai de cena)

Dona Ester: Ave Maria! Já quebrou minha unção! E agora? Vou ter que voltar pra rezar de novo! Ah! Vou tomar minha água benta do Padre Marcelo!

Mariana: E por falar no padre, aqui tá os copos que a senhora mandou colocar na frente do rádio pra ele abençoar... num sei se ele abençoou... liguei o rádio só agora e já tinha acabado o programa.

Dona Ester: Ave Maria, Mariana... num diga uma coisa dessa não! Tu num sabia que era pra ligar o rádio logo cedo pra ouvir os programas todos e abençoar a água?!

Mariana: Oxe, mainha... eu esqueci! Também, a senhora num fez nem almoço hoje... só sobra pra mim!

Dona Ester: Olha, menina... Não vou me irritar com você hoje não. Só tenho a agradecer porque Deus é muito bom conosco!


Semeador de Sonhos: A mansidão reinou hoje na nossa história... Será que Jesus não está escondido mesmo nessa família? Pedrinho, mesmo sem intenção, agiu com mansidão no jogo de futebol, não revidando às provocações de seus amigos irritados. Seu Pedro parece ter cedido ao acolher as orações de Dona Ester, que nem fez o escândalo que faria por sua água não ter sido abençoada por esquecimento de sua filha... Parece que as coisas estão melhorando por aqui... Continuemos amanhã, procurando o Cristo escondido! Ah! E se você tiver alguma dica... fale comigo!!!

4º ATO: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”.

(Entra em cena a personagem do Semeador de Sonhos e se posiciona em um banco na lateral do cenário. Enquanto entra, toca a música: ABERTURA, disponível para download em nosso skydrive, clique no nome da música para baixar)

Semeador de Sonhos: O povoado está em alvoroço! Todo o povo quer saber quem é o Cristo escondido! Mas nem tudo são flores... procurando a perfeição nas pessoas, algumas terminaram sendo injustiçadas...

Dona Ester: Judite, tu não sabe quanta coisa horrível estão falando de tu...

Dona Judite: O que é Ester? Ave Maria! Eu não estou sabendo de nada!

Dona Ester: Ave Maria! É tão assim, que eu nem sei se falo ou não?!

Dona Judite: Sangue de Cristo, mulher! Diz logo, pelo amor de Deus!

Dona Ester: Estão dizendo que você só fala da vida dos outros, que vive semeando discórdia... só pode ser o “Cão” vivendo entre nós!

Dona Judite: (chorando escandalosamente) Valha-me Nossa Senhora! Que coisa horrível! E agora? O que eu vou fazer?

Dona Ester: Se eu fosse você, pedia pra falar depois da pregação do missionário.

Semeador de Sonhos: Falar mal das pessoas é como estourar um travesseiro de penas ao vento... mesmo que você queira recolher todas as penas depois, nunca conseguirá. Será que, se justificando ou pedindo desculpas, Dona Judite terá paz novamente?

Missionário: Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!
Povo: Para sempre seja louvado!

Missionário: “Bem aventurados os que fome e sede de justiça, porque serão consolados”! Jesus sofreu muitas perseguições no seu tempo, e aqui também pode acontecer. Ele lutava pelo povo excluído, os pobres, os doentes, marginalizados...

Dona Judite: (interrompendo o missionário) Olhe, irmão... por falar em justiça, eu estou sendo muito injustiçada aqui! Estão falando que eu não posso ser o Cristo escondido de jeito nenhum, que devo ser é o “Cão”!

Povo: (Todos riem, menos Dona Ester)

Missionário: Silêncio, gente! Vamos escutar a nossa irmã!

Dona Judite: Olhe, irmão! Eu passo o dia todo na janela da minha casa esperando todos os dias meu marido voltar. Ele me deixou pra ir trabalhar lá na capital, e disse que quando melhorasse as condições ia vir me buscar. O povo tá dizendo por aí que eu fico lá só olhando a vida do povo pra falar mal depois... Mas minha Nossa Senhora Auxiliadora é testemunha que eu nunca falei mal de ninguém por aqui.

(Entrando um homem carregando uma mala pelo meio da plateia)

Marcos: Judite?

Dona Judite: Ai meu Deus! Marcos? É você?

Marcos: Claro que sou eu! Vim te buscar!

(Correndo se abraçam, enquanto o povo fica comovido)


Semeador de Sonhos: Nem tudo é do jeito que achamos que seja. Dona Judite foi injustiçada. Falaram mal dela. Mas como Jesus prometeu, felizes são aqueles que tem fome de justiça, serão saciados. Além da justiça ter sido feita quando o verdadeiro motivo de Dona Judite estar sempre na janela foi revelado, o que ela tanto sonhou aconteceu, provando que ela estava certa no que estava falando. Nunca devemos julgar os outros pelas aparências! Demos aos outros o direito de serem quem são e se apresentarem como tais! Nada mais triste que ser o que os outros pensam de você e não o que você é realmente... pense nisso! E a busca pelo Cristo escondido continua... quem será ele? Até amanhã!

5º ATO: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.

(Entra em cena a personagem do Semeador de Sonhos e se posiciona em um banco na lateral do cenário. Enquanto entra, toca a música: ABERTURA, disponível para download em nosso skydrive, clique no nome da música para baixar)

Semeador de Sonhos: O mistério está perto de ser desvendado! Quase todos já são suspeitos de ser o Cristo escondido... Como vamos saber quem ele é?

(No cenário, já posicionados, o missionário e os moradores para a pregação do dia)

Missionário: Quase uma semana já se passou... alguém tem alguma pista pra nos dar?

Judite: Olha, senhor... tá meio difícil de encontrar, viu?! Não ouvi ninguém dizer que Ele está em sua casa... pelo contrário, todo mundo diz que de jeito nenhum pode estar por aqui... bem que dizem que santo de casa não faz milagre, né?!

Missionário: É verdade, senhora! Muitas vezes não damos valor àquelas pessoas que convivem conosco... por exemplo, quem já disse hoje que ama seus pais? Ou qual pai já falou pro seu filho que o amava? Parece que as pessoas não sabem mais o que é isso.

Emanuel: (falando pra Pedrinho e Mariana) Papai mesmo, nunca disse que nos amava.

Pedrinho: É verdade! Se eu chego perto dele, acha que eu quero dinheiro e me põe pra correr... se ele chega perto de mim, eu é que acho que ele vai me bater, e acabo correndo... nunca chego nem perto de painho! Ave Maria!

Mariana: Talvez nós também nunca tenhamos dito que o amamos. Sei que é difícil quando ele bebe e chega em casa sem falar coisa com coisa, ou mesmo querendo bater em nós. Mas ainda acredito que ele pode ser o Senhor Jesus! Não veem que mesmo com o vício dele, nunca nos faltou o que comer em casa? Ele sempre se esforçou para que não faltasse nada para nós. Quem sabe se nós falássemos que o amamos, ele atenderia nosso pedido pra parar de beber?!

Dona Matilde: Calem a boca, meninos! Escutem o que o missionário está falando!

Missionário: Conversando com algumas pessoas, descobrimos mais uma pista: Jesus está naquele que age com misericórdia, perdoa os que lhe ofendem assim como Ele perdoou na cruz aqueles que o matavam.

Emanuel: Eu quero fazer isso que o missionário disse!

Mariana: O que, Emanuel?

Emanuel: Eu nunca disse a meu pai que o amava... Sei que ele não espera que eu o faça, mas eu sempre quis ouvir isso dele também. Não vou mais esperar. Quero fazer a minha parte! E vai ser hoje!

Mariana: Vamos juntos, então! E por falar nele... lá vem o pai, ali.

(Seu Pedro entra em cena)

Emanuel: Pai! Quero te dizer uma coisa que eu nunca disse...

Seu Pedro: Ave Maria, Emanuel! O que é? Pelo amor de Deus!

Emanuel: Eu te amo, pai!

Mariana: Eu também te amo, pai!

Pedrinho: Eu (e sai correndo com medo de apanhar) também!...

Emanuel: Todos esses anos quis dizer isso pro senhor... mas nunca tive a oportunidade, ou a coragem. Hoje senti a coragem pra tentar... e acho que consegui.

Seu Pedro (emocionado): Meus filhos! Todos esses anos sofri pensando que era o pior pai do mundo. Durante muito tempo achei que vocês não gostavam de mim, e que só sua mãe é que tinha espaço no coraçãozinho de vocês. No começo foi duro... mas a bebida me ajudou a superar tudo. Quando bebo, na verdade, esqueço tudo o que me preocupa e inquieta. Eu bebi esses anos todos por achar que vocês não me amavam do jeito que eu sou! Eu amo muito vocês!

(Seu Pedro, Mariana e Emanuel se abraçam emocionados)

Semeador de Sonhos: Quantas pessoas passam pelos mesmos dramas... Talvez você não tenha um pai bêbado em casa, mas passe pela mesma situação de nunca ter escutado dele que amava você. Ou talvez você tenha um bêbado em casa, e não consegue de jeito nenhum ver Jesus nele... Mais que ninguém, ele precisa ser amado! Ser pobre de coração é se desapegar de si mesmo, de todos os seus preconceitos, e ir ao encontro do outro, se essa for a vontade de Deus. Não esperem por seus pais! Digam a eles que vocês os amam! Vocês verão a grande diferença disso na vida de vocês! Até amanhã!


7º ATO: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”.

 (Entra em cena a personagem do Semeador de Sonhos e se posiciona em um banco na lateral do cenário. Enquanto entra, toca a música: ABERTURA, disponível para download em nosso skydrive, clique no nome da música para baixar)

Semeador de Sonhos: Nossa aventura está chegando ao fim. Quem será que é o Jesus escondido? Não sei dizer! Só sei que muita coisa mudou na vida daquele povo desde a chegada dos missionários. Seu Pedro fez as pazes com a sogra, conseguiu dizer aos filhos o quanto os ama, deixou de implicar com Dona Ester porque ela vai à Igreja. Os filhos estão mais tranquilos e esforçados. Dona Ester continua sendo a coluna que sustenta a família na fé. Mas, quem será o Cristo escondido? Já suspeitaram até do próprio missionário, pois ele trouxe a paz para as famílias daquele lugar...

(Toca a música: MISSIONÁRIOS)

Missionário: Estamos encerrando nossas visitas hoje, meus irmãos! Foi muito bom estar com vocês... Quero que continuem buscando o Cristo escondido... Tenham certeza que Ele está morando neste lugar! Não conseguimos descobrir quem ele é, mas a busca valeu a pena.

Dona Ester: Mas, missionário... não é possível que num lugar pequeno como esse o senhor não tenha descoberto quem é o Cristo escondido!

Missionário: Na verdade eu descobri... mas vocês é que precisam encontrá-lo!

Seu Pedro: Então é verdade? Ele está aqui?

Missionário: Sempre esteve!

Emanuel: Eu acho que pode ser meu pai!

Dona Matilde: De jeito nenhum! Ele só lavou meus pés porque achava que era eu! Esse safado parou de beber pra enganar os outros!

Dona Ester: Pare com isso, mamãe! O Pedro deixou de beber porque escolheu a nós, sua família!

Seu Pedro: Eu acho que pode ser minha mulher! Ela é tão dedicada às coisas de Deus, e ainda arruma um tempinho pra cuidar de nós lá em casa!

Dona Ester: Não sou eu, Pedro. Tenho procurado demais o Cristo escondido... mas não sei quem é.

Mariana: Acho que somos todos nós!

Pedrinho: Como assim?

Seu Pedro: Pois é, minha filha! Que história é essa?

Mariana: Vocês não veem como tudo mudou lá em casa depois que nós passamos a procurar esse Jesus escondido? Todos nós passamos a nos amar mais, nos respeitar mais... o pai parou de beber, a vovó deixou mais de implicar com ele por tudo... o Pedrinho está mais comportado... todos nós mudamos.

Missionário: Brilhante! Vocês desvendaram o grande mistério! Cristo está escondido em cada um de vocês aqui... vocês não conseguem enxergá-lo se olhando no espelho, mas podem encontrá-lo cada vez que olham uns para os outros! Só assim vocês podem ser mais felizes, fazendo tudo como Ele fez, vivendo como Ele viveu! Sonhem e sejam felizes!

Semeador de Sonhos: E assim o mistério do Cristo escondido foi revelado: Ele habita em cada coração que o busca verdadeiramente!

(Encerra o teatro com a música: “UM DIA UMA CRIANÇA ME PAROU” – do Padre Zezinho, interpretada pelo Semeador de Sonhos como história vivida por ele mesmo)

Um dia uma criança me parou,
Olhou-me nos meus olhos a sorrir.
Caneta e papel na sua mão,
Tarefa escolar a cumprir.
E perguntou no meio de um sorriso
O que é preciso para ser feliz?

Amar como Jesus amou,
Sonhar como Jesus sonhou,
Pensar como Jesus pensou,
Viver com Jesus viveu.
Sentir o que Jesus sentia,
Sorrir como Jesus sorria
E ao chegar o fim do dia
Eu sei que eu dormiria muito mais feliz. (2x)

Ouvindo o que eu falei ela me olhou
E disse que era lindo o que eu falei.
Pediu que repetisse, por favor,
Mas não falasse tudo de uma vez.
E perguntou no meio de um sorriso
O que é preciso para ser feliz?

Depois que eu terminei de repetir,
Seus olhos não saiam do papel.
Toquei no seu rostinho e a sorrir
Pedi que ao transmitir fosse fiel.
E ela deu-me um beijo demorado

E ao meu lado foi dizendo assim.

Semeador de Sonhos: Um dia escutei de um semeador de sonhos chamado P Ivan Teófilo:

Descobri que toda vida é feita de despedida
Que nasci pra caminhar, pra ir além, pra deixar e pra viver só do que vem
E quando o que vem chegar ainda ir e viver só de partir
Partir não me faz sofrer
É parar, é não ir, é desistir
Quem parte e não tem medo de se perder
Vai chegar e entender que só se perde quem não for
Quem vai por qualquer caminho jamais andará sozinho
Porque há sempre alguém partindo pra alguma parte
E quem parte reparte vida e caminho...

Levarei vida e caminho para outros lugares! Tenham fé na caminhada! Cristo vive em cada um de vocês! Nunca parem de sonhar!

(Encerramento com a música: SEMENTE DO AMANHÃ, de Gonzaguinha)

Ontem um menino que brincava me falou:
Hoje é semente do amanhã!
Para não ter medo, que esse tempo vai passar.
Não se desespere e nem pare de sonhar!
Nunca se entregue! Nasça sempre com as manhãs!
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar!
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá!
Nós podemos tudo! Nós podemos mais!
Vamos lá fazer o que será!