domingo, 23 de fevereiro de 2014

O espetáculo vai começar! Aprendendo a ser feliz.


PERSONAGENS


NOMEPERFILIDADE


APRESENTADOR
Seu pai era o dono do circo. Foi domador de feras até a proibição dos animais selvagens nos picadeiros. De personalidade forte, líder do grupo. Motiva, alegra, incentiva.

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PALHAÇO FORMIGUINHA
O avô da família. O palhaço mais famoso do circo. Ensinou gerações de palhaços. Fez a alegria brotar no rosto de todos aqueles que passaram por sua vida. Bondoso, gentil, atencioso. Avô e mestre do Palhaço Geleia.


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PALHAÇO GELEIA
Protagonista. Não acredita, inicialmente, no seu potencial de artista. Admira o avô, de quem aprende o ofício de fazer rir. Apaixonado pela bailarina, o Palhaço Geleia quer ser feliz além das aparências.


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PALHACINHA
Personagem mais atrapalhada da trupe. Está sempre metida em confusão. Nunca entende o que lhe dizem de primeira.

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BAILARINAPar romântico do palhaço Geleia.18


MÁGICO
Figura enigmática. Tem o dom de transformar os sonhos em realidade, através do seu ilusionismo.

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OUTROS (Contorcionistas, Equilibristas, Pernas-de-pau, Malabaristas, outros palhaços...)


Nossa trupe está aberta para acolher tantos quantos forem necessários as apresentações. Qualquer dom pode ser transformado em personagem! Sejam criativos!

Outra opção é fazer de toda a trupe palhaços. Todos com o rosto pintado, porém, com funções diferentes dentro do circo (apresentador, mágico, bailarina etc...)




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OBS.: Em alguns dias, uma personagem é foco na história. Todas as demais entram em cena no início e/ou no fim, para brincar com o público livremente. Ousem! O espetáculo não pode parar!

Clique abaixo e acesse a esquete de cada dia:


PRIMEIRO DIA: O CIRCO CHEGOU
SEGUNDO DIA: A BONDADE QUE ENSINA
TERCEIRO DIA: A EXPERIÊNCIA QUE PROMOVE
QUARTO DIA: O AMOR QUE HUMANIZA
QUINTO DIA: O TESTEMUNHO QUE CONSTRÓI
SEXTO DIA : A CORDA SENSÍVEL QUE ENCANTA
SÉTIMO DIA: A VERDADEIRA ALEGRIA


Alguns desenhos dos personagens e cenas:


 






TEATRO 1º DIA: O CIRCO CHEGOU! O ESPETÁCULO VAI COMEÇAR!

OBS.: “Esta cena deve acontecer entre os participantes, não ainda no lugar de destaque onde acontecerão as outras cenas (o picadeiro). Neste momento simula-se a chegada do circo no lugar”.

(A TRUPE ENTRA FAZENDO BARULHO E BRINCANDO COM OS PRESENTES AO SOM DA MÚSICA)[1]

TRUPE (TODOS): Somos a Trupe Alegria!
APRESENTADOR: O mundo é nosso lar!
PALHAÇO FORMIGUINHA: Há gerações levamos a alegria aos lugares por onde passamos!
TRUPE: Essa é a nossa missão!
BAILARINA: Vivemos de sonho!
PALHAÇO GELEIA: Sonhamos com um mundo melhor, onde as pessoas descubram que podem, verdadeiramente, ser felizes!
TRUPE: A alegria é o remédio da alma!

(Apresentação musical com todos os membros da trupe: AQUI DAMOS DUAS OPÇÕES, DEPENDENDO DO PÚBLICO DA COLÔNIA DE FÉRIAS – PARA MAIORIA DE CRIANÇAS “O CIRCO JÁ CHEGOU - XUXA” OU, SE MAIORIA ADOLESCENTE OU JOVEM, “O CIRCO CHEGOU – TRUPE FANTASIA”. OU, AINDA, A TRILHA DO CIRQUE DU SOLEIL - ALEGRIA)


PARA CRIANÇAS: “O CIRCO JÁ CHEGOU – XUXA”


Vem brincar, que o circo já chegou / Vem sorrir, que o circo já chegou
Vem dançar, que o circo já chegou / Vamos bater palmas, porque o circo já chegou

Tem muita palhaçada só pra gente ser feliz / Tem foca equilibrando a bolinha no nariz
Tem lindas bailarinas / Na pontinha dos pés / Pipoca, algodão-doce e picolé
Malabaristas / Equilibristas / O circo já chegou

Tem mágico fazendo tudo desaparecer / Surpresas na cartola, tudo isso é pra você
Tem muitas piruetas / Palhaços de montão / Caindo de bumbum no chão
Trapezistas / Pernas de pau / O circo já chegou


PARA ADOLESCENTES E JOVENS: “O CIRCO CHEGOU – TRUPE FANTASIA”



O pó da estrada, o suor e a lágrima, grande lona armada. Do picadeiro, então, a gargalhada.. ha, ha, ha, ha, ha, há!. (2x)
Morre o dia, vem a noite, túnel do tempo se abre, histórias vêm de longe. Herança dos antepassados, passadas gerações. É hora da alegria! É hora da função!
A maquiagem, as luzes e o som, transformam o cansaço em emoção. As marcas na alma e no corpo dos errantes resistentes, desaparece diante de toda essa gente!

PALHAÇO FORMIGUINHA: Cem reais! (grita várias vezes o palhaço Formiguinha apontando para o chão, enquanto TODA A TRUPE procura).
MÁGICO: O que foi? Perdeu cem reais?
PALHAÇO FORMIGUINHA: Não! Estou vendo se acho!
APRESENTADOR: Não percam! Amanhã, o grande espetáculo!

SOBE A MÚSICA, A TRUPE SAI DE CENA, DEIXANDO NO PICADEIRO O PALHAÇO GELEIA, QUE PEGA UM PEQUENO ESPELHO E UM PANO ÚMIDO E COMEÇA A TIRAR DO ROSTO A MAQUIAGEM ENQUANTO FALA COM O PÚBLICO.

PALHAÇO GELEIA: Pois bem, meus amigos… essa é a nossa Trupe. Nossos artistas são muito talentosos, eu, nem tanto… sou um palhaço meio sem graça, sabe? Meu avô, sim, é que é palhaço dos bons! Ele é quem me ensina a ser palhaço. Primeiro ele disse que quando eu pinto o rosto sou outra pessoa: sou Geleia, e os meus problemas somem. Aprendi com ele que o coração é meu e posso sofrer, mas o rosto é do público, devo sempre sorrir! Ele me disse que ser feliz não quer dizer ser sempre alegre... Mas o que será mesmo ser feliz?
BAILARINA: Geleia! (grita a bailarina, entrando em cena) Vamos embora! Todos estão precisando da sua ajuda para os ensaios… amanhã é o grande dia da estreia! Vem, Geleia! Tchau pessoal! Até amanhã!

(PUXANDO GELEIA PELO BRAÇO, SAEM CORRENDO ENQUANTO A MÚSICA TOCA.)

TEATRO 2º DIA: A BONDADE QUE ENSINA

OBS.: Todos os personagens da trupe entram brincando com o público enquanto toca uma música de circo. Ao chegar ao picadeiro, apenas o APRESENTADOR permanece no palco.

APRESENTADOR: Alegria! O circo chegou! Senhoras e senhores, crianças e jovens aqui presentes! Sejam todos bem vindos ao mundo do circo! Tenham um bom espetáculo!

(AUMENTA O SOM COM A MÚSICA DE CIRCO, ENQUANTO ACOMPANHA O RÍTIMO COM AS PALMAS)

APRESENTADOR: O sorriso gostoso de afrouxar a barriga da pequena criatura no colo de sua mãe: chegou a alma do circo, os palhaços!

(ESTA CENA COM OS PALHAÇOS É UM CINEMA MUDO, APENAS EXPRESSÃO CORPORAL. NO FUNDO, MÚSICA).

ESQUETE: Os palhaços entram em cena com apitos na boca. Geleia e Formiguinha convidam a palhacinha a pular uma corda imaginária. Ela se posiciona entre os dois palhaços que simulam rodar uma corda imaginária, enquanto a palhacinha pula. Depois de pular algumas vezes, acompanhada pelas palmas do público, o palhaço Geleia tira do bolso uma venda, e tapa os olhos da palhacinha, aumentando a dificuldade. Todos acompanham nas palmas enquanto ela pula. Terminando de pular, procura-se uma pessoa da plateia para fazer o mesmo. Enquanto a pessoa está vendada, pulando ao som das palmas da plateia, Geleia e a palhacinha saem de fininho, deixando a pessoa pulando sozinha. Indignado com a situação, o palhaço Formiguinha vai buscar os dois e manda que peçam desculpas. Geleia se ajoelha e tira um pano molhado do bolso, espreme-o, simulando lágrimas, ajoelhado diante da pessoa. Perdoado, abraça o palhaço Formiguinha e sai correndo de cena.

PALHAÇO FORMIGUINHA: Sejam bons, sempre! Nunca façam aos outros, aquilo que não querem que façam com vocês! (Exclamando) Bondade! Alegria!

(AO EXCLAMAR “ALEGRIA!”, SOBE A MÚSICA E ENTRAM TODOS OS PERSONAGENS BRINCANDO COM O PÚBLICO E SE DESPEDINDO DA PLATEIA).

TEATRO 3º DIA: A EXPERIÊNCIA QUE PROMOVE

OBS.: PARA ESSE DIA, CONVIDAR UM GRUPO DE DANÇAS DO LOCAL PARA SE APRESENTAREM. LEMBRANDO QUE AS PERSONAGENS “BAILARINA” E “PALHACINHA” DEVEM FAZER PARTE NA DANÇA.

(Diferente dos outros dias, que a cena se inicia com o anúncio do apresentador, hoje, antes de entrar a Trupe para brincar com as crianças, somente as bailarinas que irão dançar entrarão em cena. Aqui tudo vai acontecer como se fosse um momento de ensaio, onde a nossa bailarina irá tentar ensinar os passos para as outras meninas, e corrigir a palhacinha, que faz tudo errado, incentivando-a).

BAILARINA: Vamos meninas! Está quase na hora de nossa apresentação! Precisamos rever os passos da dança!
PALHACINHA: Eu não quero mais dançar! Acho que vou fazer tudo errado como sempre!
BAILARINA: Calma! Você consegue! Eu sei! Vamos tentar?

(Começam então a ensaiar alguns passos, enquanto a música de circo começa a tocar e o apresentador entra pelo meio do público anunciando o espetáculo. Enquanto a atenção é desviada para o apresentador, o grupo de dança sai de cena e espera o anuncio para entrar para a apresentação)

APRESENTADOR: Respeitável público! Hoje, a beleza e o encanto tomarão o nosso palco!

(Apresentação de dança, tendo a bailarina e a palhacinha como componentes do grupo. Música à escolha. Após a dança, as meninas saem de cena, com exceto a palhacinha e a bailarina)

PALHACINHA: (Saltitando de alegria) Eu consegui! Eu consegui! Graças à sua ajuda, minha amiga!
BAILARINA: Muito bem! Eu disse que você conseguia! Quando temos um objetivo, traçamos nossos caminhos para conseguir chegar lá. Às vezes caímos, tropeçamos, mas com persistência, perseverança, alcançamos nossas metas. Nunca desista de seus ideais! Você ainda vai ser uma grande bailarina! Siga em frente!
(ENQUANTO AUMENTA A MÚSICA, A TRUPE ENTRA BRINCANDO COM O PÚBLICO E SE DESPEDEM)

TEATRO 4º DIA: O AMOR QUE HUMANIZA

OBS.: Como nas primeiras cenas, entram todos os personagens brincando com o público enquanto toca uma música de circo. Chegando ao palco, inicia-se a música “Carinhoso – Pixinguinha (em ritmo choro)”, os protagonistas no centro, os demais no canto. Essa cena consiste em um cinema mudo, um encontro “romântico” entre Geleia e a Bailarina.

ESQUETE: Entra em cena o Palhaço Geleia e a Bailarina. Toda a trupe está observando o que acontecerá com eles do canto do palco. Geleia chega, desajeitado, e ao sentar-se no banco em que a sua amada está acaba derrubando-a. O palhaço pede desculpas, trás uma Coca-Cola e diz, com gestos, que a metade de baixo é dele e a de cima é dela. E decide tomar primeiro... Ele toma todo o refrigerante e entrega a latinha à bailarina, que fica decepcionada. Percebendo a mancada, Geleia faz sinal para não se preocupar e mostra a rosa que trouxe pra ela. Ao entregá-la, puxa a flor, deixando apenas o talo na mão dela. Mais uma vez a decepção. Por fim, ajoelha-se implorando o perdão. Tira da roupa o coração de cartolina que trás e oferece à bailarina. Durante toda a cena, a trupe, que observa de longe, reage incentivando ou discordando das atitudes do Geleia, torcendo pelos dois.

OBS.: Terminando esta cena, saem todos suspirando... Ficam no palco o Apresentador e o Palhaço Formiguinha, que conversam, comentando o ocorrido.

PALHAÇO FORMIGUINHA: O amor é incrível! Não somente esse deles dois! Todas as formas de amor... O amor dos pais por seus filhos, dos filhos por seus pais... O amor entre os irmãos... O amor por aqueles que nos cativam, nossos amigos... O amor entre os casais... O Amor de Deus!
APRESENTADOR: Por que será que dizem que Deus é Amor?
PALHAÇO FORMIGUINHA: Não restam dúvidas, meu caro! Está mais que provado que não existe sentimento mais sublime, e que nos faça sentir mais humanos que o amor. Se Deus mesmo se fez um de nós para nos salvar, foi através de seu infinito Amor que isso aconteceu. Quando amamos alguém, estamos tendo para com ela sentimentos dignos do próprio Deus. Ele inteiro é Amor!
APRESENTADOR: Então, o amor é o motor de nossas vidas! Bem que dizem que “o homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar”!
PALHAÇO FORMIGUINHA: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente...”. Mas nunca se esqueça de amar!

(ENQUANTO AUMENTA A MÚSICA, A TRUPE ENTRA BRINCANDO COM O PÚBLICO E SE DESPEDEM)

TEATRO 5º DIA: O TESTEMUNHO QUE CONSTRÓI

OBS.: Nesta cena, diferente dos outros dias, o espetáculo não começa de imediato. Antes, um diálogo de bastidores entre o Apresentador e o Palhaço Geleia.

(NO PALCO, O PALHAÇO GELEIA, MEIO TRISTE, DESANIMADO. MÚSICA DE FUNDO. ENTRA O APRESENTADOR).

APRESENTADOR: Que foi que houve Geleia? Algum problema? Está quase na hora de começarmos o espetáculo!
PALHAÇO GELEIA: Não estou com vontade de me apresentar! Não sou palhaço dos bons... Sou aprendiz de palhaço, nada mais.
APRESENTADOR: Tudo na vida é assim, meu jovem! Ninguém nasce pronto! Todo mundo precisa aprender a fazer as coisas... mas você já é muito bom! Acredite!
PALHAÇO GELEIA: Eu admiro muito o senhor. Não sente saudade dos tempos de domador de feras? Eram bons aqueles tempos... os leões, os elefantes, os tigres! Tudo muito mágico! Por causa de alguns que maltratavam os animais, todos nós perdemos o encanto de vê-los bem de perto, fazendo números incríveis... sem falar da bravura do domador!
APRESENTADOR: Ah, Geleia! Eu sinto muita falta sim, mas não é isso que vai me fazer infeliz... Quando eu era jovem, assim como você, tinha um temperamento muito forte. Antes de domar as feras, tive que aprender a me domar, a controlar os meus impulsos. Hoje, ajudo outros, a se encontrarem naquilo que gostam de fazer. Desde que meu pai morreu, cuido desse circo como se fosse ele mesmo. Nunca, ninguém me viu triste, ou reclamando da vida... pelo contrário... sempre procuro promover os talentos, revelando ao grande público as potencialidades que estão escondidas em cada um de vocês. Mas tá na hora de começar o espetáculo! Vamos!
PALHAÇO GELEIA: Sua experiência nos deixa mais seguros! Obrigado!

(SOBE A MÚSICA, ENTRA O APRESENTADOR)

APRESENTADOR: Respeitável público! Moças, rapazes, crianças! Vovô e vovó! Chegou a hora da alegria! Com vocês, os palhaços!

ESQUETE: Cinema mudo. Enquanto toca uma música, entram os palhaços e percebem no cenário uma cadeira enfeitada. O que fazer. São três palhaços e uma única cadeira. O que fazer? A palhacinha, por ser mulher, tem preferência. Os palhaços concordam. Ela escolhe o lugar para por a cadeira. Um dos palhaços coloca. Fazendo charme, na hora de sentar, diz que deve ficar do outro lado do cenário. Transferem a cadeira pra lá, e o mesmo acontece, tendo que mudar uma terceira vez de lugar. Por último, ela escolhe uma posição no meio do palco. Na hora de sentar, Geleia puxa a cadeira, deixando a palhacinha cair no chão. Enquanto ele se prepara para sentar, o palhaço Formiguinha puxa a cadeira da mesma forma, fazendo com que ele também caia. Por último, o Geleia puxa a cadeira do Formiguinha, e ele vai para o chão. O ciclo se repete até começarem a brigar e saírem correndo do palco.

TEATRO 6º DIA: A CORDA SENSÍVEL QUE ENCANTA

OBS.: Como nas primeiras cenas, entram todos os personagens brincando com o público enquanto toca uma música de circo. Ao chegar ao picadeiro, apenas o APRESENTADOR.

Apresentador: Alegria! Senhoras e senhores, crianças e jovens aqui presentes! Sejam todos bem vindos ao mundo do circo! Mistério?! Com vocês, o mágico!

(Para essa cena, consultar em ____________________________________ alguns truques de mágica que devem ser ensaiados pelo ator. Enquanto a cena acontece, música de suspense)

OBS.: Terminadas as mágicas, sobe a música e entra em cena toda a trupe, brincando e se despedindo como nos outros dias. No palco, ficam os palhaços Geleia e Formiguinha para a mensagem final.

Palhaço Formiguinha: Sabe Geleia, em cada um de nós, por mais rebeldes que sejamos, tem uma cordinha que se souberem puxar, encontram o bem. No fundo, no fundo, todos os homens são bons! Ser bom é um dos passos fundamentais para ser feliz verdadeiramente. Deixar sair essa bondade do seu interior é encantar todos os que estão ao seu redor com o seu jeito de ser. É ser exemplo para os outros!

TEATRO 7º DIA: A VERDADEIRA ALEGRIA

(Antes desse texto, poderia ser encenada a música “Sonhos de um palhaço” – Ela encaixa no roteiro perfeitamente... dependendo das habilidades da trupe, ou do tempo disponível ao teatro, pode ser omitida a música)

OBS.: Entra no palco o palhaço Geleia, silencioso, triste, cabisbaixo... no fundo, a música tema do Cirque du Soleil, “Alegria”. Aos poucos toda a trupe vai entrando e fica atrás, olhando (tristes) o discurso de despedida do palhaço.

Palhaço Geleia: Deus, Senhor do meu destino... ouça a minha história... Sou um palhaço! Palhaço de verdade! Tenho pinta no nariz! Sou poeta da alegria, menestrel do sorriso, uma eterna criança. Mas, eu tenho que crescer, devo ser gente de verdade, devo arranjar um trabalho sério, devo usar terno e gravata. Então, eu vim aqui pra dar tchau... Dar tchau pra vocês, sapatos amigos (podem ser pantufas)... tá na hora de ir embora! Vão! Vão embora! Não quero mais vocês! Não quero... vai! Não é mais divertido escorregar com vocês! Deus, leva-os embora! (Joga-os longe) Se Deus por acaso devolve-las para mim, é porque é minha vocação! (Dois membros da trupe trazem de volta os sapatos do palhaço e entregam ao Geleia em silêncio).
(Enfático) O palhaço está na alma! (a trupe faz festa) Você pode ser palhaço sendo o que você quiser! O que importa é ser feliz! Agora sei que a verdadeira alegria está na alma! (O palhaço Formiguinha traz um crucifixo) É o próprio Deus! (Gritando em prece) Deus! Obrigado! (toda a trupe se une num grande abraço) Alegria! Alegria! Meus amigos (referindo-se aos membros da trupe), convido vocês para uma excelente tarde! O espetáculo não pode parar!

(Toda a trupe pode se apresentar nesse grande espetáculo, brincando com o público, fazendo mágicas, dançando, fazendo malabares... SEJAM CRIATIVOS! Divirtam seu público como sabem fazer, lembrando que a verdadeira alegria está em nossa alma, é o próprio Deus!)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Teatro Musical


Neste programa nós falamos sobre o ínicio da carreira para aqueles que estão começando a fazer Teatro Musical no Brasil e também nos Estados Unidos. Para isso, entrevistamos os participantes do Reality Show "DANÇANDO NA BROADWAY" do canal Multishow (toda 6a. feira as 21:30) que nos contaram sobre suas experiências em NY.
Para falar e mostrar um pouco sobre a arte de se estudar Teatro Musical, visitamos e entrevistamos profissionais de algumas das principais escolas de Teatro Musical do país.

Fonte: www.guiadoator.com.br

Artistas de Rua


Nesta continuação da nossa matéria sobre arte na rua, conhecemos alguns artistas que estão diariamente nas ruas, dividindo sua arte com quem passa.

Conversamos com o sanfoneiro Sebastião Moreira, com a estátua-viva Angélica Gouveia e com o grupo de mímicos Fagulhas d'Arte. Eles falaram sobre as dificuldades e vantagens de trabalhar na rua e também porque escolheram esse espaço público com palco.

Fonte: www.guiadoator.com.br

Teatro de Rua


Nesta edição da TV Guia do Ator, fomos até o evento de artistas de rua, a Maratona das Artes, que aconteceu em São Paulo. Conversamos com os diretores Luiz Carlos Checchia, da Cia Teatro dos Ventos, e Jean Carlo Cunha, do Grupo de Ninguém. Também entrevistamos a produtora do Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo, Simone Brites Pavanelli, e com um dos fundadores da associação Artistas na Rua, James Lima.

Fonte: www.guiadoator.com.br

Teatro de Bonecos


Um mergulho no mundo do teatro de bonecos, onde a imaginação e a criatividade não têm limites. Para o ator, um novo universo onde ele pode desenvolver suas habilidades e descobrir novos talentos.

Entrevistas com Luiz André Cherubini, do Grupo Sobrevento, e com os atores Hugo Picchi e Magda Crudelli, tambbém bonequeiros, que fizeram parte do elenco original do programa "Cocoricó", da TV Cultura.

Fonte: http://www.guiadoator.com.br

Viídeo-aula sobre Iluminação Cênica

Cenografia


Nesta edição, a TV Guia do Ator desvenda o mundo da cenografia teatral. A realidade da profissão, os desafios e o que fazer para se tornar um cenógrafo. Entrevistas com Renato Theobaldo, cenógrafo de grandes musicais como "A Madrinha embriagada" e "Alô, Dolly!", e Paulo Corrêa, cenógrafo responsável pelo espetáculo "Mônica e Cebolinha no mundo de Romeu e Julieta".

Fonte: http://www.guiadoator.com.br

Teatro Infantil


Nesta edição, a TV Guia do Ator apresenta o universo do teatro infantil, onde crianças, adultos e atores se encantam com as histórias e com a troca de experiências. Entrevistamos Maurício do Souza, o criador da Turma da Mônica, que falou sobre a linguagem do teatro infantil e qual a abordagem mais apropriada para entreter os pequenos. Mauro de Souza, o diretor e produtor do espetáculo "Turma da Mônica - Romeu e Julieta", falou sobre a concepção da peça e o que é essencial em uma montagem desse tipo. Flávio Teixeira, o roteirista do espetáculo, explicou como passar a mensagem para as crianças através do teatro. Também conversamos com o Leonardo Faé, produtor do musical "A Princesinha". Ele falou como foi o trabalho realizado pela fundação Lia Maria Aguiar com as crianças que fizeram parte do musical.

Fonte: http://www.guiadoator.com.br

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Dicionário Teatral

Antagonista - Personagem da peça em oposição ao conflito. É um caráter essencial da forma dramática.

Antiteatro - Dramaturgia e/ou estilo de representação que nega todos os princípios da ilusão teatral.

Aristotélico - Termo usado para designar uma dramaturgia baseada na ilusão. Tornou-se sinônimo de teatro dramático. 

Ato - Divisão da peça em partes de importâncias iguais.

Bambolina - Uma das vestimentas suspensas sobre toda a extensão do palco, que evita o vazamento do urdimento e define a altura do palco, em tecido de pouca altura e comprida. A bambolina mestra é uma peça em tecido, estruturada ou não, suspensa sobre a frente do palco e imediatamente atrás do quadro do proscênio, regulando a altura da boca de cena.

Boca de Cena - Vão aberto na caixa cênica que define a máxima abertura do palco, que pode ser reduzida em altura e largura pela bambolina mestra e pelos reguladores.

Burlesco - Forma de cômico exagerada que emprega expressões triviais para falar de realidades nobres ou elevadas.

Camarim - Local onde os atores trocam de roupa e se maquiam antes da apresentação.

Canhão seguidor - Refletor de grande potência com movimento manual utilizado para acompanhar atores, bailarinos etc.

Catarse - Uma das finalidades e conseqüências da tragédia; Ato de evacuação e descarga afetiva que resulta numa lavagem e purificação por regeneração do ego que percebe.

Cenografia - Arte e ciência da organização do palco e do espaço teatral para a encenação.

Ciclorama - Grande tela com armação em forma de "U" aberto e que é colocada ao fundo do palco. Pode ser nas cores branco, pérola, cinza ou azul claro.

Cinestesia - Também conhecida como Kinestesia, é a percepção consciente da posição ou dos movimentos e de seu próprio corpo graças ao sentido muscular e ao ouvido interno.

Coadjuvante - Papel secundário; Ator cuja única função e valorizar seus parceiros.

Commedia dell'arte - Forma teatral com início no Séc.XVI, que se baseava no improviso e exigia muitas habilidades dos atores, como canto, dança e até malabarismo. Tinha personagens fixos e um ator passava, muitas vezes, a vida inteira interpretando o mesmo personagem.

Cortina Corta Fogo - Cortina de metal que separa a caixa cênica da platéia em caso de incêndio.

Coxias - Espaços de serviço e circulação não visíveis ao público, localizados nos extremos laterais e de fundo do palco, determinando o movimento de cenografia e acesso de atores. As laterais com uma dimensão mínima da metade do palco e o fundo com espaço suficiente para passagem de atores.

Deus ex machina - Do latim, significa literalmente "o deus que desce numa máquina". É uma noção dramatúrgica que motiva o fim da peça pelo aparecimento de uma personagem inesperada.

Ditirambo - Na antiguidade era o canto lírico para glorificar Dionísio. Evoluiu até chegar na tragédia.

Dramatização - Adaptação de um texto qualquer para um texto dramático destinado ao palco.

Dramaturgia - Vindo do grego "compor um drama", é a arte da composição de peças de teatro.

Entreato - Lapso de tempo entre os atos durante o qual o jogo é interrompido e o público deixa provisoriamente a sala de espetáculo. O entreato, embora tenha funções técnicas, também destinava à função social, como no renascimento, onde os espectadores se encontram e conversam. Daí veio o ritual do foyer na Ópera.

Espaço cênico - Termo que designa o palco ou área onde acontecem as atuações, encenações.

Figurantes - Atores de papéis secundários e mudos que surgem como complemento quando a cena, para passar realidade ou outro fim, necessita de pessoas ao fundo, como multidões anônimas, grupos sociais, empregados, etc.

Fosso de orquestra - Espaço que abriga conjuntos de músicos, não interferindo com o visual de público por estar no plano inferior ao nível do palco. Pode ser executado através de elevadores hidráulicos ou pisos removíveis (quartelada).

Improvisação - Técnica onde o ator interpreta algo imprevisto, não preparado anteriormente e inventado no calor da ação.

Interlúdio - Composição musical tocada entre os atos de um espetáculo, com objetivo de ilustrar ou variar o tom da peça e facilitar as mudanças de atmosfera ou cenário.

Jogo de linguagem - Estrutura dramática na qual toda fábula ou ação é substituída por uma estratégia de discurso.

Linóleo - Tapete formado por várias lâminas ou passadeiras, usado especialmente para dança.

Melodrama - Gênero em que a música intervém nos momentos mais dramáticos para exprimir a emoção de uma personagem silenciosa.

Mimese - Imitação ou representação de uma coisa qualquer.

Palco - Espaço visual para o público ou área de cena.

Pano de Boca - Telão principal que cobre toda a boca de cena. Pode ser ornamentado, pintado ou simples. 

Perna - Elemento que se caracteriza como limite lateral do palco. Tecido sem armação. O conjunto de pernas e bambolinas é parte da câmara negra. 

Piso de Palco - O plano de piso no palco, executado sobre uma caixa de ressonância com um espaço interno livre que permita uma boa emissão sonora, aberturas e elevações do mesmo. Com altura máxima de 1,10m com relação ao piso da platéia. 

Proscênio - Prolongamento no mesmo nível do palco projetado até o público que se adapta a diversas formas e dimensões.

Quarta parede - Parede imaginária que separa o palco da platéia.

Quartelada - Tampos de madeira que compõem o piso do palco.

Quironomia - Regras que codificam a simbologia do uso das mãos.

Reguladores - Bastidores (armação forrada em tecido) ou painéis que se localizam à direita e à esquerda da boca de cena, definindo a sua abertura e evitando o vazamento (de luz e cenário) e também limitando o proscênio.

Rotunda - Grande tela que é montada sempre à frente do ciclorama. 

Saltimbanco - Na época medieval, era um artista popular que nas praças públicas, em cima de um tablado, fazia demonstrações de habilidades físicas e teatro improvisado antes de vender ao público objetos variados.

Solilóquio - Discurso que uma personagem mantém consigo mesma.

Sonoplastia - Reconstituição artificial de ruídos, sejam eles naturais ou não.

Teatro da Crueldade - Expressão criada por Antonin Artaud para um projeto de representação que faz com que o espectador seja submetido a um tratamento de choque emotivo.

Teatro de Rua - Teatro que se produz em locais exteriores às construções tradicionais: rua, praça, mercado, metrô, universidade, etc.

Teatro Invisível - Termo de Augusto Boal. Define um jogo improvisado do ator no meio de um grupo de pessoas que devem ignorar, até o fim, que fazem parte de um jogo, para não voltarem a serem espectadores.

Teatro Pobre - Termo criado por Grotowski para qualificar seu estilo de encenação em que se economiza recursos cênicos (cenários, figurinos, etc)  e preenchendo esse vazio por uma grande intensidade de atuação.

Teatro Total - Representação que visa usar todos os recursos artísticos disponíveis para produzir um espetáculo que apele a todos os sentidos e crie a impressão de totalidade e de uma riqueza de significações que subjugue o público.                

Tragédia - Peça que representa uma ação humana funesta muitas vezes terminada em morte. 
           
Tragicomédia - Peça que participa ao mesmo tempo da tragédia e da comédia.

Urdimento - Espaço onde se desenvolve o movimento dos tiros e das varas, com as peças cenográficas planas ou volumétricas dependuradas, que ao descerem até a zona visível do espectador, criam o envoltório do palco. Tem como limite superior a grelha (estrutura de madeira ou metal) com a sofita (cordas e cabos de aço) e como limite inferior a linha das bambolinas, varas de luzes e a parte superior da cenografia.

Vara de Cenário ou de Luz - Barra de metal ou madeira, utilizada para se dependurar elementos cenográficos, equipamentos de luz e vestimentas de palco. 

Varanda de Carga - Lugar onde se localiza a contrapesagem das varas de luz e de cenário. 

Varanda de Manobra - Lugar onde se encontram os freios, a barra de malaguetas e a barra de afinação e trabalham os maquinistas. 

Vaudeville - Originado no Séc. XV, é um espetáculo de canções, acrobacias e monólogos, e até o Séc. XVIII eram espetáculos para o teatro de feira que usam música e dança.

Vestimentas de Palco - Conjunto de elementos da cenografia e da cenotécnica que cria o envoltório do espaço cênico e determina sua concretude na caixa cênica. 

A Coxia



Os bastidores são, numa linguagem figurativa, o pré-texto da peça. Tudo aquilo que o espectador não consegue ver, mas que está lá. Sou da corrente que defende a ideia de que a personagem precisa também estar nos bastidores, também conhecido como coxia. A coxia é o lugar situado dentro da caixa teatral - mas fora de cena - no palco italiano, em que o elenco aguarda sua deixa para entrar em cena em uma peça teatral. Por analogia, é qualquer espaço situado fora de cena, em que os atores aguardam sua entrada.
Também nos bastidores estão o contrarregra, o sonoplasta (em alguns casos), o diretor, o cenotécnico e, claro, os atores e as atrizes. Quando digo que a personagem precisa estar na coxia, estou afirmando que o ator precisa estar concentrado, usando o pré-texto que está nos bastidores, pois, quando ele entrar em cena não precisará daqueles segundos que o separam o artificial do natural. São esses segundos que denunciam o ator, apresentando-o como um profissional essencialmente mecânico ou, espetacularmente, orgânico. Por isso ele deve estar só, mesmo acompanhado com os demais membros da equipe. A criação, a transformação, a concentração é um momento solitário. O artista precisa da solidão para criar. A solidão é sua eterna companheira, a amiga indispensável em sua catarse, em sua entrega, em sua personificação.
Para Daniel Freitas, ator e diretor de teatro, o ator precisa aprender “dominar seu corpo e sua técnica de atuação seja ela qual for. Isso significa: saber o que ocorre com seu corpo, a teoria que envolve ele e saber se expressar verbalmente sobre seu estudo teatral pessoal”. E isso ele descobre no processo de criação da personagem, nos momentos em que medita e constrói o pré-texto, também chamado de texto subjetivo ou ainda por Stanislavski de subtexto. Ele explica: “somos propensos a esquecer que a peça escrita não é uma obra de arte acabada, enquanto não for levada à cena pelos atores e tomar vida através de emoções humanas puras e autênticas; o mesmo se pode dizer de uma partitura musical, que não será uma sinfonia enquanto não for executada por uma orquestra em um concerto. No momento em que as pessoas, músicos ou atores, colocam sua própria vida no subtexto de qualquer material escrito a ser apresentado diante de um público, liberam-se as fontes espirituais e a essência interior...”
Daniel Freitas ainda comenta que através da busca de um ator orgânico é possível construir um trabalho forte e seguro quanto a atuação de qualquer estilo de teatro”. E ele está certo. Depois de todo o trabalho, de todo o estudo e exploração das possibilidades e limitações de cada um, o ator está preparado para atuar organicamente. A coxia funciona como porta de entrada. Como trampolim. Aqueles pulinhos antes de “saltar para a água”, é o pré-texto em ebulição. E quando o ator entra em cena, todo o seu corpo interpreta. Por isso se diz que determinado ator foi visceral.

Fonte: http://teatrototalilheus.blogspot.com.br/p/coxia.html

A Cortina


Como a cortina pode influenciar tanto o espectador? Qual a sua função? Para que ela serve? Ele tende a desaparecer neste século? Pois bem, a função da cortina – mais do que suas formas e variantes – é rica em ensinamentos para o teatrólogo. Isso prova que todos os elementos cênicos são indispensáveis para a criação teatral.
Usada de maneira sistemática pela primeira vez no teatro romano, e caindo depois em desuso na Idade Média e na época elizabetana, a cortina passou a ser, com o teatro do Renascimento e da era clássica, uma marca obrigatória da teatralidade. É preciso esperar até o século XVIII para que seja fechada durante o espetáculo, ao final de cada ato. Hoje, serve, muitas vezes, como marca de citação e ironia da teatralidade, estando às vezes no meio da cena, como afirma Patrice Pavis.
É sabido que a cortina serve para ocultar, ainda que temporariamente, o cenário ou o palco; logo, serve para facilitar as manipulações dos contrarregras e maquinistas, num teatro que se baseia na ilusão, no qual não se pode revelar os bastidores da ação.
Todavia, a cortina é o signo material da separação entre palco e plateia, a barreira entre o que é olhado e quem o olha, a fronteira entre o que é semiotizável (pode tornar-se signo) e o que não o é (o público). Como a pálpebra para o olho, a cortina protege o palco do olhar; introduz, por sua abertura, no mundo oculto, o qual se compõe ao mesmo tempo do que é concretamente visível na cena e do que pode ser imaginado, nos bastidores, com os “olhos do espírito”, como diz Hamlet, e portanto numa outra cena (a da fantasia). Toda cortina se abre, assim, para uma segunda cortina, que é ainda mais “inabrível” (inconfessável) por ser invisível, se não como limite dos bastidores, como fronteira para o extracênico, logo, para a “outra cena”.
Através de sua presença, a cortina fala da própria ausência, ausência esta constitutiva de todo desejo e de toda representação (teatral ou não). A cortina convoca e revoga o teatro, faz-se denegação: mostra o que esconde, é um “larvatus prodeo”, excita a curiosidade e o desejo do desvendamento. Daí, o prazer de ver a cortina se abrir e, depois, fechar-se lentamente, pontuando o espetáculo, traçando-lhes limites, “ensanduichando” o mundo teatral: “Certos teóricos, sem dúvida exagerados, afirmam que, no teatro, os espetáculos só acontecem para justificar os movimentos da cortina. Dormem durante a peça e deleitam-se quando a cortina se abre antes do espetáculo e quando se fecha ao final”, afirmou G. Lascaut no Diário do Teatro Nacional de Chaillot, em dezembro de 1982.
A cortina para Brecht era como uma guilhotina. Ele até propôs a abolição do que chamou de “instrumento perigoso”. Apesar da cortina evocar sempre uma alternância entre fala e silêncio, no teatro, uma cortina pode esconder outra.

Fonte: http://teatrototalilheus.blogspot.com.br/p/cortina.html

Sonhos de Dom Bosco: Sonho missionário nas Américas

Este sonho missionário que Dom Bosco teve, é uma representação alegórica, rica de elementos proféticos sobre o futuro das Missões Salesianas na América do Sul. Pode-se distinguir nele três grandes sequências:
1. Após uma breve introdução, Dom Bosco diz encontrar-se numa sala, onde várias pessoas desconhecidas falam sobre as Missões. Ele reconhece o filho do Conde de Toulouse.
2. Na forma mais estranha o jovem faz contemplar, daquela sala, o extenso campo das missões da América do Sul preparado para os salesianos.
3. Em companhia do jovem, Dom Bosco faz uma viagem através de toda a América do Sul, até a Patagônia onde estão trabalhando os Salesianos e as Famílias de Maria Auxiliadora.
É um sonho muito longo. Aqui será narrada, por ele próprio, somente a parte que se refere ao Brasil.
"Naquele instante, aproximou-se de mim um jovem de seus 16 anos, amável e de sobre-humana beleza. Fixando-me o olhar, me chamou pelo nome e começou a falar-me da Congregação Salesiana.
Depois prosseguiu: - Pois bem: Estas montanhas são as cordilheiras da América do Sul e aquele mar é o Oceano Atlântico. Daqui até lá está a messe oferecida aos salesianos. São milhões de habitantes que esperam pela sua ajuda.
- E como fazer? Eu interrompi; como chegaremos a levar tantos povos ao rebanho de Cristo?- Com suor e sangue, respondeu. Quer ver o que vai acontecer?
E sem saber como, me encontrei em uma estação ferroviária. Havia muita gente. Subimos no trem e eu perguntei onde iríamos.
O jovem respondeu: - Vamos fazer uma viagem pelas cordilheiras. E tirando fora um mapa começou a me mostrar alguns pontos interessantes.
Enquanto eu olhava o mapa, a máquina deu um apito e o trem se pôs em movimento.
Na viagem o meu amigo falava muito e eu aprendia coisas belíssimas e novas sobre astronomia, meteorologia, mineralogia, fauna, flora, topografia.
Eu sempre olhava pela janela do vagão e via passar diante de mim variadas e estupendas regiões. Bosques, montanhas, planícies, rios caudalosos e que eu não fazia idéia.
Por mais de mil milhas fomos costeando uma floresta virgem. Via também cadeias de montanhas.
Pude ver as entranhas daquelas montanhas e as profundidades daquelas planícies.
Tinha sob os meus olhos as riquezas incomparáveis daqueles países. Via numerosas minas de metais preciosos, minas de carvão de pedra, poços de petróleo tão abundantes que não se viam noutros lugares.
Mas, isso não era tudo. Entre os graus 15 e 20 de latitude havia uma espécie de enseada assaz larga, assaz longa que partia de um ponto onde se formava um lago.
Então uma voz me disse repetidas vezes: - Quando estas minas forem exploradas, tudo isso se transformará numa terra de promissão onde corre leite e mel. Será uma terra de uma riqueza inconcebível.
Mas, o que mais me surpreendia era ver aquelas Cordilheiras cujas reentrâncias formavam vales até hoje desconhecidos pelos geógrafos. Nestes vales que se estendiam por mais de mil quilômetros habitavam numerosas populações que ainda não tiveram contato com os europeus; nações ainda completamente desconhecidas.
Passamos pelas margens do rio Uruguai. Não julgava que fosse tão longo. Vi também outro rio que corria paralelamente e depois se afastava formando um largo cotovelo. Era o rio Paraná.
O trem corria veloz, ora para a direita, ora para a esquerda atravessando florestas, penetrando túneis, subindo gigantescos viadutos, internando-se entre gargantas de montanhas, costeando lagos e pântanos, atravessando largos rios, correndo no meio de pradarias e planícies.
O trem tomou a direção dos Pampas e da Patagônia. Campos cultivados, casas espalhadas aqui e acolá indicavam que a civilização ia chegando naquelas terras. Transpomos uma ramificação do rio Colorado ou talvez do rio Chubut (rio Negro). Não sabia se a sua correnteza era para a Cordilheira ou para o Atlântico.
De vez em quando, avistava numerosas tribos selvagens.
Todas as vezes que via uma tribo o jovem Colle me dizia: - Eis a messe dos salesianos. Entramos numa região cheia de animais ferozes e de répteis venenosos esquisitos e horríveis. Uns pareciam cães alados e pançudos; outros eram sapos enormes que devoravam rãs. Estas espécies de animais se misturavam e grunhiam ameaçando morder-nos.
Meu companheiro, acenando para aquelas feras, exclamou: - Os salesianos as tornarão mansas.
Finalmente percebo que o trem vai se aproximando do mesmo lugar de onde partiu. O jovem pegou um mapa no qual estava desenhada com exatidão toda a América do Sul e me disse:
- Quer ver a viagem que o senhor fez? E mais: aqui está representado tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será estas regiões.
Enquanto eu observava aquele mapa e ouvia as explicações do jovem, admirado com o que meus olhos viam, me pareceu que o sacristão do Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora soasse as Ave Marias.
Mas acordando, percebi que eram os sinos da Paróquia de São Benigno. O sonho durou toda a noite."


Dom Bosco terminou a narração dizendo: - Com a doçura de São Francisco de Sales os salesianos levarão Jesus Cristo para as populações da América. Nas cadeias dos Andes, entre os graus 10 e 20 há muitas minas de chumbo, ouro e coisas ainda mais preciosas.
No dia 21 de abril de 1960 foi inaugurada no Brasil a nova capital Brasília. Esta cidade nasceu sob a égide e a proteção de Dom Bosco.
Quando, após longos estudos, foi escolhido o lugar no Estado de Goiás, os estrangeiros, tendo ouvido falar de uma profecia do Santo, quiseram conhecer e examiná-la e se convenceram de que ele fez aceno na sua visão profética ao indicar os graus de latitude onde correria leite e mal, perto de um grande lago.
Brasília se encontra exatamente entre os 15° e 20° graus de latitude e foi construído artificialmente um lago para a fertilização do terreno e embelezamento da região.

Sonhos de Dom Bosco: Sonho dos 9 anos


"Na idade de 9 anos tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por toda a vida. Pareceu-me estar perto de casa. Numa área bastante espaçosa onde uma multidão de meninos estava a brincar. Alguns riam, outros divertiam-se, não poucos blasfemavam. Ao ouvir as blasfêmias, lancei-me de pronto no meio deles, tentando, com socos e palavras, fazê-los calar.
Neste momento apareceu um homem venerando, de aspecto varonil, nobremente vestido. Um manto branco cobria-lhe o corpo; seu rosto, porém, era tão luminoso que eu não conseguia fitá-lo. Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos, acrescentando estas palavras:
– Não é com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude.
Confuso e assustado, repliquei que eu era um menino pobre e ignorante, incapaz de lhes falar de religião. Senão quando aqueles meninos, parando de brigar, de gritar e blasfemar, juntaram-se ao redor do personagem que estava a falar.
Quase sem saber o que dizer, acrescentei:
- Quem sois vós que me ordenais coisas impossíveis?
– Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência.
- Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
- Eu te darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda sabedoria se converte em estultície.
- Mas quem sois vós que assim falais?
- Sou o filho daquela que tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia.
- Minha mãe diz que sem sua licença não devo estar com gente que não conheço; dizei-me, pois, vosso nome.
– Pergunta-o à minha mãe
Nesse momento vi ao seu lado uma senhora de aspecto majestoso, vestida de um manto todo resplandecente, como se cada uma de suas partes fosse fulgidíssima estrela. Percebendo-me cada vez mais confuso em minhas perguntas e respostas, acenou para que me aproximasse e, tomando-me com bondade pela mão, disse:
- Olha.
Vi então que todos os meninos haviam fugido, e em lugar deles estava uma multidão de cabritos, cães, gatos, ursos, e outros animais.
– Eis o teu campo, onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês a esses animais, deves fazê-los aos meus filhos.
Tornei então a olhar, e em vez de animais ferozes apareceram mansos cordeiros que, saltitando e balindo, corriam ao redor daquele homem e daquela senhora, como a fazer-lhes festa.
Neste ponto, sempre no sonho, desatei a chorar, e pedi que falassem de maneira que eu pudesse compreender, porque não sabia o que significava tudo aquilo. A senhora descansou a mão em minha cabeça dizendo:
– A seu tempo tudo compreenderás.
Após essas palavras, um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu.
Permaneci atônito. Parecia que minhas mãos doíam devido aos socos que tinha dado, que minha face doía pelos socos recebidos. Aquele personagem, aquela senhora, as coisas ditas e ouvidas, me ocuparam de tal forma a mente que não consegui retomar o sono aquela noite."

Sonhos de Dom Bosco: As duas colunas

Em 26 de maio de 1862 São João Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.
Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la. Eis aqui suas palavras:
“Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assusta” dos, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.
“Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.
“A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.
“Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum. (Auxilio dos Cristãos)
“Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium. (Salvação dos crentes)
“O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.
“Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.
“O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.
“As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado.
“As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.
“Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.
“Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar.
“Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.
“Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível.
“Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.
“O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão.
“Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.
“Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranquilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta.”
Ao chegar a este ponto do relato, Don Bosco perguntou a Miguel Rua:
— O que pensas desta narração?
Miguel Rua respondeu:
— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem à embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Miguel Rua não fez referência ao Papa cansado e morto e São João Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:
— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

Sonhos de Dom Bosco: O Caramanchão de Rosas

Certo dia, em 1847, após meditar muito sobre o modo de fazer o bem à juventude, apareceu-me a Rainha do Céu que me levou a um jardim encantador. Nele havia um longo pórtico, com plantas trepadeiras carregadas de folhas e flores. O pórtico dava para um caramanchão encantador, flanqueado e coberto de maravilhosos rosais em plena florescência. Também o terreno estava todo coberto de rosas. Nossa Senhora me disse:
– Tire os sapatos e avance por este caramanchão. É o caminho que deve fazer.
Gostei de tirar os sapatos: teria sentido muito machucar aquelas rosas. Comecei a andar. Mas logo percebi que aquelas rosas escondiam espinhos muito agudos. E tive que parar.
– Aqui precisa usar sapatos – disse eu à guia.
– Sem dúvida. E dos bons.
Calcei os sapatos e retornei o caminho com certo número de companheiros que haviam aparecido naquele momento e me pediram para caminhar comigo.
Pendiam do alto muitos ramos como festões. Rosas! Só se viam rosas: em cima, dos lados, no chão, a meus pés. Minhas pernas, porém, enredando-se nos ramos estendidos por terra, acabavam feridas. Espinhava-me ao afastar os ramos transversais. Sangrava nas mãos, por todo o corpo. Todas as rosas escondiam muitíssimos espinhos.
Todos os que me viam caminhar diziam: “Dom Bosco só caminha sobre rosas! Tudo lhe vai bem!”. Não viam que os espinhos me rasgavam os membros.
Muitos clérigos, padres e leigos por mim convidados haviam-se posto a seguir-me, alegres, atraídos pela beleza daquelas flores. Mas, ao perceberem que deviam caminhar sobre espinhos, começaram a gritar: “Fomos enganados!”. Não poucos retrocederam. Fiquei praticamente só. E comecei a chorar. “Será possível – dizia eu – que tenha de percorrer tos este caminho só?”.
Mas fui logo consolado: vi avançar para mim um grupo de padres, clérigos, leigos, os quais me disseram: “Somos todos seus e prontos para segui-lo”. Precedendo-os, reiniciei o caminho. Só alguns desanimaram e pararam. Grande parte foi comigo até o fim.
Percorrido todo o caramanchão, vi-me num belíssimo jardim. Os meus poucos seguidores estavam macilentos, desgrenhados, ensanguentados. Levantou-se, então, uma brisa suave. A seu sopro, se curaram. Soprou outro vento e, como por encanto, me vi circundado de um número imenso de jovens e de clérigos, de coadjutores leigos e também de padres, que se puseram a trabalhar comigo guiando aquela juventude. Reconheci alguns, mas muitos outros os não conhecia.
Então a Santa Virgem, que fora a minha guia, perguntou-me:
– Sabe o que significa o que você está vendo e viu antes?
– Não.
– Saiba que o caminho por entre as rosas e os espinhos significa o cuidado que deverá tomar com a juventude. Deverá andar com o calçado da mortificação. Os espinhos significam os obstáculos, os padecimentos, os desgostos que lhe caberão. Mas não desanimem. Com a caridade e com a mortificação, irão superar tudo e chegar às rosas sem espinhos.
Logo que a Mãe de Deus acabou de falar, acordei. Estava em meu quarto.
Contei-lhes isto para que cada um de nós tenha a certeza de que é Nossa Senhora que quer a nossa Congregação. E para que nos animemos sempre a trabalhar para a maior glória de Deus.

BOSCO, João IN: BOSCO, Terésio. João Bosco: uma nova biografia. 6. ed. São Paulo: Editora Salesiana, 2002. p. 299-301.